Exclusão de obra sobre Golpe de 1964 atende normas, diz IHGP
Exclusão de obra sobre Golpe de 1964 atende normas, diz IHGP

Exclusão de obra sobre Golpe de 1964 atende normas, diz IHGP

Exclusão de obra sobre Golpe de 1964 atende normas, diz IHGP

Em resposta a requerimento do vereador José Antonio Fernandes Paiva, instituto afirma que quando não há interesse em editar o livro também não há explicação adicional

Vereador José Antonio Fernandes Paiva

O que pode haver de mais essencial para uma cidade do que conhecer sua própria história? O que pode dar ao cidadão maior grau de pertencimento à sua comunidade do que conhecê-la em detalhes? Estes questionamentos foram bases para que o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) elaborasse requerimento ao Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP) que, em março, declinou da publicação do livro “Piracicaba Nos Tempos da Ditadura”, sem maiores explicações aos autores. 

A resposta ao requerimento, aprovado em 31 de março, foi protocolada na Casa e não detalha os critérios para a definição de publicações, afirmando tratar-se de procedimento que não requer maiores explicações aos editores. O livro recontaria em detalhes o que a cidade viveu a partir de março de 1964 por ocasião do golpe militar. Após a negativa, numa mobilização virtual os editores conseguiram recursos para a publicação. O Sindicato dos Bancários, por entender a importância de rememorar fatos importantes para a história local, colaborou com R$ 1.500,00 para a edição. 

Produzido por um grupo de pesquisadores, jornalistas e pessoas que se debruçaram sobre aquele período, a coletânea começou a ser produzida em agosto de 2013, em parceria com o IHGP. Em fevereiro, quando a publicação já estava finalizada em termos gráficos e editoriais – e inclusive com o ISBN concedido ao IHGP que o solicitara –, pronta para ser impressa, a entidade decidiu pela não publicação. A decisão da Diretoria Executiva foi comunicada à organizadora da obra, via e-mail, sem quaisquer justificativas. O fato estimulou Paiva a buscar explicações, visto que o Instituto, ao receber recursos públicos, estaria sujeito ao detalhamento à Casa de Leis.

Para Paiva, Piracicaba tem o direito de conhecer mais sobre aquilo que permanece, até hoje, pouco analisado na cidade: prisões, pressões a sindicalistas e professores, o convívio entre empresários e as forças repressivas, a vigilância constante inclusive sobre cidadãos insuspeitos, a denúncia anônima contra religiosos e docentes, a prática da tortura, perfis daqueles que ousaram reagir. No requerimento questionou porque o IHGP decidiu pelo cancelamento, se o instituto possui algum conselho que aprova este tipo de patrocínio e se este conselho havia aprovado o projeto do livro e, finalmente, o que será feito com os recursos que até então haviam sido destinados à publicação desta obra? 

O IHGP afirmou, em ofício assinado pelo presidente Vitor Pires Vencovsky, que apoiou e aprovou o a ideia do livro em meados de 2013 e que, no entanto, só teria recebido o conteúdo mais completo no final e fevereiro, ocasião que permitiu uma análise mais apurada pela publicação da Comissão de Publicações e Diretoria. “Atendendo ao que estabelece os estatutos sociais, a Diretoria decidiu pela não publicação do livro utilizando a chancela do IHGP e liberou os autores para procurar outros caminhos que viabilizassem a publicação do livro”, assina o diretor. 

No ofício, o instituto explica também que todo o processo de definição é estritamente interno, os atos não podem ser divulgados, ou seja, os autores preteridos recebem apenas comunicação do não o interesse em editar o livro, sem nenhuma explicação adicional. “O IHGP não veta nem censura qualquer gênero e livro ou autores, pois a finalidade é editar livros que estejam nas normas da entidade.

NOVO REQUERIMENTO – O vereador e líder do PT não sentiu contemplado com as respostas do instituto e deve apresentar nova proposta de requerimento para complementar as informações. “Uma vez que o instituto tem a função de construir a história, é importante entender melhor o critério para a escolha de que história ele vai contar. A proposta era história sobre o Golpe em Piracicaba. Se não existe alguma outra publicação sobre o tema. Porque a negativa aos editores?” questiona. O vereador disse ainda que toda instituição que recebe chancela de utilidade pública, como o IGHP, deve estar ciente da necessidade de prestar contas e explicações quando for solicitado. 

Texto:  Assessoria parlamentar

Revisão:  Erich Vallim Vicente – MTB 40.337

Fonte: Câmara Municipal de Piracicaba