Pesquisa – André Manoel, do IHGP, faz pesquisa no “Túnel da Morte”
Pesquisa – André Manoel, do IHGP, faz pesquisa no “Túnel da Morte”

Pesquisa – André Manoel, do IHGP, faz pesquisa no “Túnel da Morte”

Pesquisa – André Manoel, do IHGP, faz pesquisa no “Túnel da Morte”

A estação em homenagem ao Coronel Fulgêncio

O associado do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), André Manoel, esteve no último final de semana na região visitando a região do “Túnel da Morte”, divisa entre os Estados de São Paulo (município de Cruzeiro) e Minas Gerais (Passa Quatro), realizando pesquisas para subsidiar novos artigos sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.

Naquela frente de batalha, entre o Sul de MG e RJ, tendo como referência o Vale do Paraíba, foi onde se deu de forma maciça o emprego dos voluntários que partiram de Piracicaba, sendo a manutenção da frente de defesa no túnel, nas primeiras semanas de combates, crucial para possibilitar que atuassem em outras frentes, como as dos municípios de Silveira e Areias, além de dificultar a entrada de peças pesadas de artilharia em território paulista, o que ceifaria muitas mais vidas de voluntários paulistas.

O “Túnel da Morte”, como é conhecido o túnel ferroviário que faz a ligação entre SP e MG, na frente Sul de combates da Revolução de 32, foi um ponto estratégico de defesa do território paulista, onde dezenas de combatentes do Exército Constitucionalista perderam a vida em sua defesa e mais de 90 militares da Força Pública de MG, entre eles o Coronel Fulgêncio, comandante mineiro, sucumbiram tentando atravessá-lo.

Este importante ponto de defesa fica na Garganta do Embaú na Serra da Mantiqueira e possui quase um quilometro de extensão, sendo inaugurado no ano de 1884, recendo a visita do Imperador D. Pedro II, quando da sua construção. Atualmente, não existe exploração organizada do local, porém foi assinalada pelo Governo do Estado de São Paulo, no fim do ano passado, a intensão de revitalizar o espaço para visitação e turismo histórico.

Em razão da geografia daquela região da divisa de SP com MG, o túnel tornou-se a única passagem viável para o transporte de tropas e equipamentos, mostrando assim a sua importância estratégica. O Exército Constitucionalista, ao se aproximar do final do final do conflito, optou por abandonar essa linha defesa, pois as tropas legalistas buscaram alternativas para adentrar ao território paulista, ou seja, o “Túnel da Morte” nunca foi conquistado pelas tropas Federais, sendo eternizada a frase paulista: “Por aqui não passarão!”.

No município mineiro de Passa Quatro, onde está a outra entrada do túnel, fica a pequena Estação Ferroviária Fulgêncio, que recebe o nome do coronel mineiro morto em combate naquele local. Dentro, há uma exposição permanente contando um pouco sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, na ótica de Minas Gerais. Eles destacam os feitos heroicos das tropas legalistas que atuaram no Estado (Exército Brasileiro e Força Pública de MG) evidenciando a ligação do movimento de 1932 com a política e cultura mineiras, pois foi veterano de guerra o Capitão Médico da Força Pública Mineira Juscelino Kubitschek, depois prefeito, governador e presidente da República, entre outros importantes personagens que posteriormente se destacaram na política nacional.

Na arte, são destacados os versos de Carlos Drummond de Andrade que, com seus poemas e diários, registra a abnegação e coragem dos combatentes de ambos os lados do conflito.

O local, em si, é um grande sítio arqueológico que guarda, ainda, registros materiais dos dias de intensos combates, podendo ser encontrados, sem muita dificuldade, fragmentos de projéteis que foram utilizados. Com tudo, o que mais marcou foi um registro de um acontecimento que se dava entre as duas entradas do túnel.

No período noturno, em razão do frio congelante do inverno na região e pela falta de iluminação, para se aquecerem e se manterem acordados, os soldados do lado paulista, tocavam violão e entoavam canções de Francisco Alves, enquanto os soldados mineiros, aplaudiam, pediam mais músicas e participavam do coro, onde as vozes se encontravam, justamente, dentro do túnel objeto de defesa por um lado e de conquista por outro, pois afinal todos eram brasileiros.

Fonte: A Tribuna Piracicabana